Publicado em 10/02/2020
O Edifício “Franjinhas”, projectado por Nuno Teotónio Pereira, continua com alma disruptiva.O prédio situado em plena Rua Braamcamp, em Lisboa, vai ser reabilitado com recurso às melhores práticas actuais e, implementadas com recurso a alpinismo industrial com o objectivo de recuperar o brilho de outrora. Em 1971 foi-lhe concedido o Prémio Valmor e, mais recentemente, a classificação de monumento de interesse público. A obra de recuperação e reabilitação das fachadas e “franjinhas” de ensombramento foi preparada e será executada pela empresa Tabelabstrata. Com características técnicas de elevada complexidade, tendo em conta a degradação do betão ao longo dos últimos 50 anos, a obra tem como objectivo a recuperação geral dos elementos em betão aparente de forma a remetê-las para o ano da sua construção. De acordo com o director da obra Miguel Centeno: “Prevê-se uma intervenção cheia de desafios, que decorrerá durante o primeiro semestre deste ano. Devolver-se-á assim a glória e o esplendor ao “Franjinhas”, ícone lisboeta, num investimento que rondará os 300 mil euros”. Para atender aos desafios técnicos que esta intervenção coloca, a Tabelabstrata seleccionou as empresas SIKA e RKESA. A primeira não só pelo seu empenhamento neste projecto em concreto, como também pela sua reconhecida experiência na comercialização de produtos específicos para a reabilitação de estruturas de betão armado. A REKSA por ser especialista na realização de trabalhos em altura, com expertise comprovada na área do alpinismo industrial. A Família Franco Falcão, proprietária do edifício, tem como objectivo a valorização do seu imóvel através da reabilitação integral das fachadas e das emblemáticas “franjinhas”, em betão aparente, mostrando que é possível fazer o restauro deste edifício classificado em pleno funcionamento (a taxa de ocupação actual é de 100%). Procurou conjugar a implementação das melhores práticas como garantia da máxima qualidade da intervenção minimizando assim o impacto nos utilizadores e, sem obstruir com andaimes uma das zonas mais nobre e mais movimentadas de Lisboa. De acordo com Ana Falcão, administradora da Casa Franco Falcão: “É muito gratificante ver o nosso edifício “Franjinhas” a ser reabilitado. No ano em que nasci este edifício estava a ser construído e, a direção da obra estava entregue a um engenheiro civil muito especial – o meu pai, Nuno Franco Falcão. Agora, 52 anos depois, a família Falcão faz este novo investimento que permitirá dar uma segunda vida ao edifício de que tanto gostamos”. Nos anos 60 e 70 o boom do terciário leva a que comecem a surgir, na cidade de Lisboa, edifícios de escritórios comuns sem rasgo arquitectónico. No entanto, o “Franjinhas”, em nada foi comum e primou pela diferença, dado ter sido intenção de proprietários e projectistas “conferir ao edifício um carácter acentuadamente comercial e de serviços”. É um edifício de desenho inovador, pela forma como o piso térreo se relacciona com a rua, sendo de certa forma o prolongamento da mesma nas galerias comerciais. As palas, que dão o nome ao edifício, não têm uma função ornamental, foram pensadas, desenhadas e feitas com base em estudos de laboratório, no LNEC, à escala natural, de modo a que a entrada da luz do sol nos pisos de escritórios seja feita de forma controlada proporcionando conforto e oferecendo fragmentos lúdicos de paisagem a quem está no interior. Inovadoras também foram as soluções técnicas e construtivas, uma vez que foi um dos primeiros edifícios em Portugal a oferecer pisos amplos em open space sem vigas salientes nos tectos. Construído entre 1966 e 1969, este novo marco arquitectónico contribuiu desde então para uma nova forma de pensar a arquitectura na zona Pombalina da cidade de Lisboa. Fonte: Magazine Imobiliário |